Publicado em maio de 2025 na The Lancet Public Health, estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Copenhague mostra que o risco de depressão sobe logo após o diagnóstico de doenças físicas. Com base em revisões da Cochrane, este guia traz estratégias simples e eficazes para prevenir e enfrentar o problema.
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💬 Quando o Corpo Adoece — E a Alma Também Sente
Imagine que você — ou alguém que você ama — acaba de receber um diagnóstico: pressão alta, câncer, diabetes, um problema no coração ou nos ossos. A atenção vai toda para o tratamento físico. Mas, por dentro, pode estar começando algo mais: uma tristeza que não passa, um desânimo que cresce, um sentimento de solidão ou vazio.
É mais comum do que se imagina. E agora, a ciência confirmou: doenças físicas aumentam — e muito — o risco de desenvolver depressão. E o perigo maior acontece logo após o diagnóstico.
Um estudo robusto, feito com 6,5 milhões de pessoas na Dinamarca, foi publicado em maio de 2025, na revista científica The Lancet Public Health. Conduzido por pesquisadores da Universidade de Copenhague, o estudo acompanhou dados de quase três décadas e revelou uma ligação clara entre doenças físicas e o aparecimento da depressão.
Mas essa não é uma notícia só sobre risco. É também sobre oportunidade de cuidado. Outros estudos — como as revisões sistemáticas da Cochrane Library — mostram que ações simples e acessíveis podem ajudar a prevenir ou tratar a depressão: movimento leve, práticas de respiração, boa qualidade do sono e apoio emocional.
Este artigo reúne os dados mais atuais e confiáveis e os traduz de forma prática. Ele é um convite para olhar a saúde emocional com o mesmo carinho com que cuidamos do corpo.
⚠️ Importante: Este conteúdo é complementar. A depressão exige avaliação e acompanhamento profissional. Psicólogos, psiquiatras e médicos são fundamentais no cuidado. Use este guia como um ponto de apoio — não como substituto.
🧠 O Estudo Que Conectou Doença Física e Depressão
Pesquisadores dinamarqueses acompanharam 6.528.353 pessoas entre 1995 e 2022. Nenhuma delas tinha depressão no início. Com o tempo:
- Um terço dessas pessoas foi diagnosticado com alguma doença física.
- E uma em cada cinco desenvolveu depressão depois da doença.
Os principais achados:
- O risco de depressão mais do que dobra após o diagnóstico de uma doença.
- Esse risco é quase cinco vezes maior no primeiro mês após o diagnóstico.
- Pessoas com mais de 60 anos têm nove vezes mais chance de desenvolver depressão nesse período.
- Se houve hospitalização, o risco aumenta ainda mais — chegando a quase doze vezes mais.
- Pacientes com duas ou mais doenças crônicas também estão entre os grupos mais vulneráveis.
E mesmo 10 ou 20 anos depois do diagnóstico, o risco ainda é mais alto do que na população que nunca teve uma condição médica grave.
⚙ Por Que Isso Acontece?
A ciência aponta três grandes causas que se combinam:
1. Mudanças na vida
Uma doença muda rotinas, papéis, trabalho, futuro. Tudo isso pode abalar o emocional e enfraquecer os mecanismos de enfrentamento.
2. Inflamação e desequilíbrio no corpo
Algumas doenças inflamam o organismo. Essa inflamação pode atingir o cérebro e interferir nos hormônios que regulam o humor, como serotonina e dopamina.
3. Genética e química cerebral
Alguns genes e circuitos cerebrais estão ligados tanto ao desenvolvimento de doenças crônicas quanto à regulação emocional. Tudo está mais conectado do que se imaginava.
📉 Quais Doenças Mais Aumentam o Risco?
O estudo avaliou mais de 30 doenças diferentes. Todas aumentam o risco de depressão, mas algumas se destacam:
• Dores crônicas, problemas nos ossos e músculos
Como artrite, lombalgia e fibromialgia. Geram dor constante, cansaço e perda de mobilidade.
• Doenças neurológicas
Como Parkinson e esclerose múltipla. Envolvem o corpo, o pensamento e a autonomia.
• Câncer e doenças do sangue
O peso do diagnóstico, os tratamentos e o medo do futuro geram grande impacto emocional.
• Diabetes e distúrbios da tireoide
Embora o risco seja menor em comparação com outras doenças, ainda é significativo.
🌿 O Que a Ciência Diz Que Funciona — E Você Pode Começar Hoje
A boa notícia: existem estratégias simples, eficazes e acessíveis, validadas por estudos sérios, que ajudam a prevenir e até tratar a depressão.
🏃 1. Mexa o Corpo
Caminhadas de 20 minutos, três vezes por semana, já fazem diferença.
Mexer o corpo ajuda a liberar substâncias que melhoram o humor.
🟢 Suba escadas, dance, alongue-se — o importante é começar.
🧘 2. Respire e Foque no Presente
Meditação, ioga ou simplesmente respirar fundo com atenção ajudam a acalmar a mente e o corpo.
🟢 Cinco minutos por dia já bastam. Comece com vídeos simples ou aplicativos gratuitos.
🌙 3. Durma Melhor
O sono de má qualidade aumenta os sintomas depressivos — e a depressão também atrapalha o sono.
🟢 Evite telas antes de dormir, mantenha o quarto escuro e silencioso, crie um ritual de desaceleração.
🤝 4. Não Enfrente Sozinho
Conversar com alguém que escuta de verdade pode aliviar o peso emocional.
🟢 Procure grupos de apoio, rodas de conversa ou apenas compartilhe com alguém de confiança.
🌟 Recapitulando
✔️ O risco de depressão sobe muito depois de um diagnóstico médico — principalmente nas primeiras semanas.
✔️ Pessoas mais velhas, hospitalizadas ou com mais de uma doença são ainda mais vulneráveis.
✔️ Movimento, respiração consciente, sono de qualidade e apoio emocional ajudam de verdade.
✔️ A saúde emocional merece atenção desde o início. Cuidar dela também faz parte do tratamento.
📚 Fontes Científicas
- Sigvardsen PE et al. (2025). Medical conditions and the risk of subsequent major depressive disorder. The Lancet Public Health.
- Cooney GM et al. (2013). Exercise for depression. Cochrane.
- Cramer H et al. (2017). Mindfulness-based stress reduction for mood and anxiety disorders. Cochrane.
- Gee B et al. (2019). Psychological interventions for sleep problems in depression. Cochrane.
- Huntley AL et al. (2021). Collaborative care for depression and anxiety problems. Cochrane.
⚠ Aviso Final
Este conteúdo é informativo. Se você sente tristeza profunda, perda de interesse pela vida ou dificuldade em sair da cama, procure ajuda profissional. Psicólogos e psiquiatras estão preparados para apoiar você.
A boa notícia é que há caminhos — claros, possíveis e embasados na ciência. E que começar esse cuidado agora pode mudar tudo.