Osteoartrite: O Que Realmente Funciona Segundo a Ciência — Além dos Analgésicos

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maio 8, 2025

⏱ Tempo estimado de leitura: 11 minutos


💬 Introdução: Dor Não é Destino

Maria tem 64 anos e convive com dor nos joelhos há quase uma década. O diagnóstico foi claro: osteoartrite — também conhecida como artrose. Após a consulta, saiu com uma receita para analgésicos, orientações para respeitar os limites do corpo e uma sugestão de repouso nos dias mais difíceis.

Essa é uma abordagem comum — e válida para muitos momentos. Mas o que a ciência mostra hoje é que parar totalmente pode ser contraproducente. A osteoartrite é uma condição crônica que atinge as articulações, especialmente joelhos, quadris, mãos e coluna. Ela desgasta as cartilagens que protegem os ossos, provoca inflamação local e causa rigidez, dor e perda de mobilidade.

As causas são multifatoriais. A idade avançada é o fator de risco mais conhecido, mas não é o único. Sobrepeso, lesões antigas, sedentarismo, histórico familiar e até desequilíbrios biomecânicos (como pisada alterada) também influenciam.

Importante: Se você já está em tratamento com medicamentos ou outros recursos para osteoartrite, mantenha o acompanhamento com seu profissional de saúde. Mas saiba: o cuidado ativo no dia a dia é essencial para aliviar a dor e recuperar mobilidade.

Este artigo se baseia nas revisões sistemáticas da Cochrane Library e em estudos clínicos bem conduzidos que mostram o que funciona (e o que não funciona) para quem convive com osteoartrite.


💼 O Que a Ciência Mostra Que Ajuda de Verdade

🏋️ Exercício: O Remédio Que Se Move

Não existe intervenção mais recomendada para osteoartrite do que o exercício físico supervisionado. Ele melhora a força muscular ao redor das articulações, estabiliza os movimentos e diminui a dor. Revisões da Cochrane mostram que pessoas com artrose de joelho e quadril que fizeram exercícios regulares apresentaram melhora significativa na função e na dor (Fransen M et al., 2014 e 2015).

Os mais eficazes:

  • Exercícios de baixo impacto, como bicicleta ergométrica, hidroginástica, caminhada leve e pilates.
  • Fortalecimento muscular, especialmente para coxas e glúteos, no caso de joelho e quadril.
  • Alongamentos e mobilidade articular, com foco em amplitude de movimento e diminuição da rigidez matinal.

💡 Três sessões por semana já trazem resultados. Pode ser com fisioterapeuta, em grupo supervisionado ou mesmo em casa com orientação correta.


🧶 Perda de Peso: Menos Carga, Mais Liberdade

Carregar menos peso significa menos pressão sobre as articulações. E menos dor. Uma redução de 5% a 10% do peso corporal já pode trazer alívio notável, segundo estudos compilados pela Cochrane (Christensen R et al., 2007).

O excesso de peso agrava o atrito entre os ossos, especialmente nos joelhos. Além disso, a gordura corporal em excesso produz substâncias inflamatórias que também afetam as articulações. Isso significa que emagrecer não ajuda apenas por “mecânica”, mas também por bioquímica.

💡 Não precisa ser drástico: uma alimentação anti-inflamatória, baseada em vegetais, grãos integrais, proteínas magras e menos ultraprocessados, aliada ao movimento, já traz benefícios reais.


🛌 Dispositivos de Apoio: Caminhar Com Segurança

Palmilhas, bengalas, joelheiras e órteses podem melhorar o equilíbrio e redistribuir a carga nas articulações. Quando bem indicados e ajustados, ajudam a reduzir a dor, corrigem a postura e aumentam a segurança (Duivenvoorden T et al., 2015).

Além do suporte físico, esses dispositivos ajudam no emocional: diminuem o medo de cair, aumentam a autonomia e mantêm o vínculo com o movimento — que é essencial para controlar os sintomas.

💡 A avaliação com fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional é essencial para personalizar o uso. Não é sinal de fraqueza — é sinal de inteligência adaptativa.


🪤 Terapias Mente-Corpo: O Corpo Que Escuta

Tai chi, ioga, mindfulness e práticas de respiração profunda não são apenas modismos: são caminhos que integram o corpo e a mente — e que ajudam, de forma concreta, a reduzir a dor e melhorar o bem-estar.

A prática do tai chi por 8 semanas, por exemplo, mostrou melhora importante na dor, rigidez e capacidade funcional em adultos com osteoartrite (Wang C et al., 2010). Outras abordagens, como ioga suave e meditação guiada, também promovem melhor regulação emocional, sono de melhor qualidade e mais disposição para manter o movimento.

💡 Você pode começar com uma aula online curta, uma sequência de respiração de 5 minutos ou um vídeo de atenção plena. O mais importante é começar com gentileza.


🌟 Recapitulando: O Que Funciona na Prática

  • Mexer o corpo com propósito: exercícios leves, constantes e adaptados à sua realidade.
  • Reduzir o peso com consciência: alimentação equilibrada, metas possíveis e menos inflamação.
  • Usar apoios com inteligência: bengalas, palmilhas ou joelheiras personalizadas para caminhar com mais confiança.
  • Cuidar do corpo todo, inclusive da mente: tai chi, ioga, respiração consciente — o alívio também passa por dentro.

📚 Referências Científicas

  • Fransen M et al. (2015). Exercise for osteoarthritis of the knee. Cochrane.
  • Fransen M et al. (2014). Exercise for osteoarthritis of the hip. Cochrane.
  • Christensen R et al. (2007). Weight reduction for overweight patients with knee osteoarthritis. Cochrane.
  • Duivenvoorden T et al. (2015). Braces and orthoses for knee osteoarthritis. Cochrane.
  • Wang C et al. (2010). Tai Chi for osteoarthritis. Cochrane.

⚠ Aviso Importante

Este conteúdo não substitui o acompanhamento com seu profissional de saúde. Toda intervenção deve ser discutida com segurança, considerando seu histórico e condição atual. Medicar-se por conta própria pode trazer riscos.


A dor pode estar presente. Mas o movimento também pode. E com ele, vem de volta o poder de cuidar da própria vida.

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